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Futebol Feminino e a desigualdade no mercado de trabalho

Futebol Feminino e a desigualdade no mercado de trabalho

Nesta quinta-feira (20) começou a Copa do Mundo de Futebol Feminino, na Nova Zelândia. No jogo de abertura já houve quebra de recorde de público em uma partida de futebol no país.

Esse fato reflete as novas mudanças que ocorrem em torno do futebol feminino, mas a verdade é que mesmo caminhando para um cenário melhor, a desigualdade de gênero dentro do mundo do esporte ainda existe - e em grande escala.

A desigualdade de gênero no Brasil, infelizmente, é uma realidade. Em 2019, conforme o Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupava a 92ª posição em um ranking que mede a igualdade entre homens e mulheres num universo de 153 países. As mulheres brasileiras estão sub-representadas na política, têm remuneração menor, sofrem mais assédio e estão mais vulneráveis ao desemprego.

Um dos dados que evidenciam isso é a diferença salarial: o rendimento dos homens é, em média, 28% maior do que o das mulheres (R$ 2.555 comparado a R$ 1.985), conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de 2019. Entre os principais grupos ocupacionais, a maior diferença é está nos cargos de direção e gerência: os salários deles são 61,6% maiores do que os salários delas – o salário médio das mulheres é R$ 4.666, e o dos homens é R$ 7.542.

No futebol profissional isso também ocorre. A desigualdade de gênero no esporte é algo estrutural e histórico, pois, há décadas o futebol é visto como uma atividade para homens. No Brasil, um Decreto-Lei de 1941, dizia que “às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos (CND) baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”.

Uma deliberação do CND, de 1965, esclareceu quais seriam esses esportes que iam contra a natureza feminina: lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo aquático, pólo, rugby, halterofilismo e baseball.

Somente em 1979 que foi revogada a lei que proibia as mulheres de praticarem tais esportes e em 1983, “considerando o inequívoco interesse das mulheres, no Brasil, em praticar futebol de campo”, a modalidade ganhou um regulamento próprio, com a publicação da deliberação CND (Conselho Nacional de Desportos) nº 01/83.

Aos poucos, o futebol feminino foi ganhando mais estrutura e visibilidade. A primeira edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino foi realizada na China e as jogadoras dos Estados Unidos saíram campeãs. A seleção feminina norte-americana é tetracampeã, vencendo o torneio também em 1999, 2015 e 2019. A melhor colocação do Brasil no campeonato aconteceu em 2007, quando as brasileiras perderam de 2 a 0 para a Alemanha, na final.

Além disso, os jogos têm atraído o público. A Copa do Mundo da França, em 2019, teve mais de 1,1 milhão de espectadores nos estádios e 1,12 bilhões de pessoas assistindo pela TV em todo o mundo. A maior audiência de uma partida de futebol feminino entre clubes foi de 91.648 espectadores, em um jogo entre o Barcelona e o Wolfsburg, no estádio Camp Nou, em Barcelona, realizado em abril de 2022.

Ainda assim, a desigualdade continua se mostrando presente. É comum as premiações de um mesmo campeonato terem valores muito diferentes entre os dois gêneros. Por exemplo, no Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022, o Palmeiras, vencedor do torneio masculino, recebeu R$ 45 milhões, enquanto o Corinthians, pentacampeão do feminino, recebeu R$ 1 milhão.

Fica evidente que, no cenário profissional, as atletas femininas enfrentam dificuldades em obter oportunidades, salários justos e investimentos comparáveis aos seus colegas masculinos. As ligas femininas muitas vezes carecem de recursos, patrocínios e infraestrutura adequada, o que impacta diretamente o desenvolvimento do esporte para as mulheres.

Outra questão relevante é a representatividade. O futebol feminino ainda lida com estereótipos culturais e preconceitos enraizados, que muitas vezes limitam o acesso das mulheres ao esporte desde a infância. Assim como andar de skate e lutas, por exemplo, também continuam sendo vistos como algo feito para homens e meninos.

Em contrapartida, alguns grandes nomes têm cooperado para mudar essa visão. A jogadora de futebol Marta, a tenista Bia Haddad, a nadadora Maria Lenk, as ginastas Daiane dos Santos e Rebeca Andrade e a skatista Rayssa Leal são algumas das brasileiras que escreveram seus nomes na lista de destaques do esporte mundial.

Infelizmente, a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e no futebol são fenômenos interligados.

Aqui, na WeWork, acreditamos que somos melhores juntos, e conscientizar sobre o tema é o primeiro passo para a mudança. Devemos criar esforços conjuntos para combater estereótipos de gênero, promover igualdade salarial, proporcionar oportunidades iguais e garantir que todas as pessoas, independentemente de seu gênero, sejam tratadas com justiça e respeito em suas respectivas áreas de atuação.

Na WeWork LATAM, 53% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres e estamos cada vez mais criando comunidades que celebram os talentos, paixões e experiências individuais. Vamos juntos nessa luta!


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